A ideia do projeto "Malharia Social" surgiu com
um grupo de professores que trabalhavam dentro do Complexo
Penitenciário de Florianópolis, em uma conversa informal na sala
dos professores, com o objetivo de procurarmos formas de ajudar as
pessoas que encontram-se em situação de privação de liberdade
para além das aulas de ensino regular com as quais trabalhávamos.
Por
conhecermos de perto a situação dos internos que encontram-se
naquele local, e por termos alguns anos de experiência no setor
educacional dentro dessa instituição, podemos constatar o grande
índice de reincidência.
No
intuito de diminuir este grande número de reincidências é que
fizemos uma pesquisa e constatamos que a maior justificativa para
esse retorno era a falta de recursos financeiros para as pessoas
suprirem suas necessidades após serem colocados em liberdade.
Com
isso, embora tenhamos o pleno reconhecimento da essencial importância
da educação no processo de formação e constante crescimento do
ser humano, não podemos negar que o trabalho é a principal maneira
de diminuir esse número tão grande de pessoas que voltam a ser
presas depois de algum tempo, pois é o que proporciona a condição
de obtenção de recursos financeiros.
Conscientes
disso, decidimos pensar em como poderíamos diminuir esses índices e
pensamos em montar uma malharia no Presídio Feminino.
Por
questões que observamos ao longo do tempo em que trabalhamos com as
internas, constatamos que, em sua maioria, estão presas em virtude
do tráfico de drogas e entraram nesse ramo de atividade em função
de um marido ou namorado que também exercia essa função.
Esta
situação é uma constante não só em nossa unidade aqui do estado,
mas uma realidade nacional, como constata a corregedora nacional de
Justiça, ministra Eliana Calmon. “Basicamente são mulheres não
brancas, têm entre 18 e 30 anos, baixa escolaridade e, na maioria,
condenadas por tráfico de drogas”, afirmou. Segundo ela, muitas
vezes a mulher entra na criminalidade por influência do marido ou do
namorado. “Geralmente as mulheres presas por tráfico de drogas são
aquelas que tentaram entrar nos presídios para levar entorpecentes
para os companheiros. Há, aí, um componente afetivo, típico das
mulheres. Muitas delas cometem crimes por amor”, concluiu Eliana
Calmon.
Em
virtude destas constatações, concluímos que, provavelmente, seria
menos difícil recuperar uma mulher que foi influenciada a entrar na
vida delituosa por um companheiro, entendendo que, por terem cometido
algum delito, não necessariamente são dotadas de um caráter
delituoso, já que podem ter sido induzidas a tal ato.
Outro
fator que levou-nos a optar pela implementação do projeto no
Presídio Feminino é o fato de querermos que elas continuem
trabalhando na área de malharia/confecção quando saírem, por isso
pretendemos (i)encaminhá-las ao mercado de trabalho imediatamente
após progredirem suas penas para o regime aberto ou (ii)fazer a
doação de máquinas para as egressas que pretenderem continuar com
esse ramo de trabalho e não possuem locais de trabalho possíveis
delas serem alocadas; já para os homens continuarem com esse ramo
entendemos ser mais difícil, pois é uma profissão onde a grande
maioria das pessoas que a desempenham são mulheres.
Bom dia.
ResponderExcluirQue projeto maravilhoso, espero que seja executado em varia localidades e Estados.
At.
Anderson Moya